quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Conheça algumas cidades que estão investindo na bicicleta como meio de transporte

Santos
Essa cidade do litoral paulista vem investindo em estrutura cicloviária há mais de dez anos. Por ser plana e com clima agradável, é uma das cidades brasileiras com melhor estrutura para o ciclismo urbano. Além das comuns ciclovias de orla de praia, tem uma rede interligada de ciclovias em sua área interna, totalizando hoje 30 quilômetros de extensão. E a implantação de novos trechos está em andamento.As ciclovias santistas são todas segregadas do trânsito de automóveis. Seu potencial turístico é reconhecido pela prefeitura, mas o grande uso é para deslocamento de quem mora ou trabalha na cidade. Com sua ampliação, o número de mortes de ciclistas caiu 40% entre 2009 e 2010, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego. Por sua vez, o número de vítimas com ferimentos leves ou graves sofreu uma redução de cerca de 15%.Junto com o incentivo ao uso de bicicletas, um programa de educação. Em Santos, quem pedala fora da ciclovia ou sobre a calçada pode ter sua bicicleta apreendida. Para recuperá-la, é necessário pagar uma taxa de R$ 25 ou participar de um curso gratuito na CET durante a semana. Portanto, se estiver passeando pela cidade com sua magrela, fique atento. É imprescindível respeitar as regras.Para melhorar ainda mais, a prefeitura poderia divulgar o direito ao uso compartilhado das ruas e avenidas em que não há ciclovias, promovendo a convivência harmoniosa com os carros, motos e ônibus e a segurança dos ciclistas.

AracajuEleita “capital da qualidade de vida” pelo Ministério da Saúde, Aracaju também se orgulha de ser a capital com a maior rede cicloviária proporcional à população, com 70 quilômetros de vias para 600 mil habitantes, e a previsão de chegar aos 100 quilômetros interligados ainda neste ano.A Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) vê na bicicleta uma das saídas para diminuir a poluição e os congestionamentos, além de melhorar a saúde das pessoas. Para isso, já investiu mais de R$ 11 milhões na ampliação e estruturação de vias exclusivas para ciclistas.Em 2010, seu coordenador de Ciclomobilidade, Fabrício Lacerda, passou por França, Holanda, Bélgica e Alemanha, estudando a mobilidade. Notou que os carros sempre cedem passagem a quem está a pé ou em bicicleta, mesmo quando têm a preferência. Também ficou atento à sinalização específica e aos bicicletários públicos, que em seguida implantou em Aracaju. “É preciso pouco dinheiro para fazer essas mudanças acontecerem”, garante Lacerda. “Precisamos apenas ter vontade para mudar”, avalia no site da SMTT. Na capital sergipana, a bicicleta é vista como “uma possibilidade real de desafogamento das vias”, ainda que a médio e longo prazo. Mas a prefeitura reconhece que é preciso haver também uma mudança cultural para que as bicicletas — e os ciclistas — sejam aceitos no dia a dia da cidade. E isso já vem acontecendo.

Sorocaba
Com investimentos em infraestrutura e um plano de ações para incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte, a Urbes, empresa responsável pelo trânsito e transportes em Sorocaba, vem mudando a cara da cidade, no interior paulista.Segundo o assessor técnico da Urbes, José Carlos de Almeida, Sorocaba conta com 92 quilômetros de ciclovias e a previsão de atingir 100 quilômetros ainda em 2012, totalmente conectados. Estruturas para prender a bicicleta, os chamados paraciclos, foram distribuídas pela cidade, além de um bicicletário com 60 vagas. E há ainda o “Pedala Sorocaba”, programa que incentiva o uso da bicicleta com passeios ciclísticos, ações e eventos.Na construção das ciclovias sorocabanas, a mão de obra é fornecida pelo sistema prisional da cidade, numa parceria estratégica para a redução de custos — o preço médio do quilômetro na cidade é de cerca de R$ 100 mil, incluindo pavimentação, drenagem, pintura, paisagismo, sinalização e iluminação.Por não haver demanda aparente, foi difícil vencer a resistência inicial a esse tipo de ação, conta o assessor da Urbes. Mas, como a infraestrutura expõe e fortalece a demanda reprimida, houve aumento de quase 100% no uso da bicicleta na cidade nos últimos quatro anos. O que Sorocaba ganhou com isso? “Houve ganho no meio ambiente, na saúde pública, no trânsito, na paisagem urbana. Enfim, na qualidade de vida”, avalia José Carlos. O maior desafio, segundo ele, ainda é tornar a cidade amigável à utilização da bicicleta, com o uso compartilhado nas vias com os demais veículos e o respeito mútuo entre ciclistas e demais condutores.Sorocaba agora se prepara para receber um sistema de bicicletas públicas, iniciando com 15 estações e 120 bicicletas para uso gratuito da população, com o cartão do sistema de transporte coletivo. A previsão é que esteja disponível ainda neste mês.

E nas demais cidades do país?Com poucas exceções, as ciclovias (quando existem) são planejadas apenas para tirar os ciclistas das ruas, resultando em infraestrutura mal planejada, com interseções perigosas, caminhos mais longos, interferência na circulação de pedestres, largura inadequada e sinalização insuficiente.Mas há esperança. As iniciativas apresentadas aqui sinalizam uma tendência de evolução, que depende mais de vontade política que de leis, recursos ou qualquer outra coisa. Portanto, olho vivo nas propostas dos candidatos a prefeitos nas eleições deste ano. Elas devem ser viáveis, bem estruturadas e adaptadas à realidade local.
(Matéria publicada na edição 80, maio de 2012, da VO2)

Nenhum comentário:

Postar um comentário